Hoje é uma dia marcante para o fã brasileiro de F1. Mas por diversos motivos, passa batido do grande público. Extamente hoje, 45 anos atrás, começava oficialmente a aventura da equipe Fittipaldi, ao alinhar o FD-01 na última posição do GP da Argentina, primeira etapa da temporada 1975.
A odisséia começou em 1973, quando Wilsinho Fittipaldi começou a acalentar a idéia de fazer seu próprio carro. Naquele tempo, um F1 nao exigia tanta complicação para ser feito: um Ford Cosworth, uma caixa de cambio Hewland e jogos de pneus GoodYear eram "fáceis" de conseguir. E os Fittipaldi já tinham um historico de construtores: fizeram os vencedores Fitti-Vê, um VW1600 de dois motores e o Fitti-Porsche, só para ficar aqui.
Ricardo Divilla, o fiel técnico que trabalhava com os Fittipaldi ainda no Brasil e eatava os acompanhando na Inglaterra, foi enviado para sondar a capacidade de se fazer um F1. Após alguns meses de pesquisa, o sinal verde foi dado e o projeto começou no fim de 1973, com o fim do contrato de Wilsinho com a Brabham.
Os trabalhos começaram em uma oficina em Interlagos. Alem de Divilla, vieram o mecanicos Yoshiatsu Itoh (ex-mecanico de Emerson na Lotus) e os brasileiros Darci,Joel, Adilson e Geraldo. Odilon Costa Franco Junior se juntou à Divilla e o mexicano Jo Ramirez para comandar os trabalhos.
Ao longo de 1974, o trabalho foi feito com base nos carros do Fittipaldi Show (Tyrrell e March). Para desenvolvimento, o apoio da EMBRAER e do Instituto Tecnico Aeronautico (ITA) foi primordial. E muita coisa local foi sendo aproveitada. Por exemplo, o sistema de direção veio do Chevette...
Os testes foram realizados em Interlagos e no meio do ano, veio o patrocínio da Copersucar, cooperativa paulista de produtores de cana de açúcar. E deu a confiança para o prosseguimento da empreitada.
Fonte: contosdaf1.blogspot.com |
A aparencia do FD-01 chamava a atenção: um carro com cintura baixa e radiadores na traseira. E assim foi sendo. Mas com a pintura definitiva, o impacto foi maior em outubro de 1974 na apresentação do carro no Salao Negro do Congresso Nacional, com direito a presença de Emerson Fittipaldi e do Presidente, General Ernesto Geisel.
Fonte: autogaragem.com.br |
Varios problemas eram enfrentados, o que era natural em um carro novo. Mas o principal era o do sistema de combustível: o motor falhava nas curvas para a direita e so foi resolvido no último dia, quando Wilsinho andou no traçado inverso e viu que não acontecia. Mas o tempo era curto e o objetivo para a Argentina era classificar o carro.
Os problemas continuaram, mas Wilsinho conseguiu classificar o SEU carro. Em varias entrevistas, deixou claro que foi um dos melhores momentos de sua vida. Nao importava estar a onze segundos da pole. O principal era largar.
E naquele ensolarado 12 de janeiro de 1975, no Autodromo Municipal de Buenos Aires, começava a odisséia dos irmaos Fittipaldi. O carro se mostrava melhor do que nos treinos e permitiu Wilsinho andar mais próximo do grupo: ganhou a posiçao da BRM de Mike Wilds e foi tentando escalar o pelotão.
Mas à 12a volta, um dos braços da suspensão traseira quebrou e o Copersucar Fittipaldi número 30 foi contra o guard-rail, inclusive com um principio de incêndio...
Fonte: contosdaf1.blogspot.com |
A estréia foi curta, mas foi um inicio muito digno. E a aventura brasileira seguiu até 1982, com um desempenho muito satisfatório. Foram 104 GPs e 44 pontos conquistados e muitas histórias para contar. Que um dia seja devidamente valorizada e reproduzida com a importância com que merece.
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