Na primeira parte desta saga (para quem
não viu e quer refrescar a mente, eis o link), foi colocado o
contexto em que os motores aspirados voltaram com força à F1. E
neste ano específico, muita coisa interessante aconteceu para as
equipes que não estavam no “Olimpo”. Por isso entendam Mclaren,
Ferrari, Williams e Benetton.
O objetivo da sequencia é ver o que
aconteceu do “meio para trás”. Desta forma, o “Olimpo” será
automaticamente excluído. Desta forma, sobram 16 equipes das 20 que
tomaram parte do grid em 1989. Cabe criar um primeiro grupo de
“medianas”, que seriam as emergentes e as quatrocentonas falidas.
Podemos incluir aí Ligier, Minardi, Lotus, Arrows, Brabham, Tyrrell
e March. Também as enquadraria como “medianas” porque não
chegaram a ir para a pré-qualificação, mas olharam com olhos
provocantes e por pouco não se casaram com ela.
Lotus
Pilotos : Nelson Piquet e Satoru
Nakajima
Carro: Lotus 101
Motor: Judd V8 CV
Pneus: Goodyear
A Lotus veio em 1989 extremamente
remodelada. Primeiro, com a perda do acordo com a Honda e a Renault
não queria os ver nem pintados, se viram obrigados a ter que abraçar
o problemático Judd V8 (a versão usada era a mesma de 88, mas com a
parte de pistões e juntas de óleo revistas). Depois, trouxeram
Frankie Dernie da Williams e preparou o 101 rapidamente, inclusive
aproveitando partes do mal-fadado 100T. A dupla de pilotos era a
mesma e a Camel renovou o acordo de patrocínio com a equipe.
O carro mostrou ter potencial, embora o
motor Judd não estivesse a altura do carro. Para tentar melhorar a
situação, a Lotus tentou desenvolver junto à Aston Martin um
cabeçote especial de 5 válvulas. Entretanto, só foi utilizado nos
treinos do GP na Inglaterra sem mostrar melhorias palpáveis e nunca
mais veio a publico.
Mesmo com a parte técnica claudicante,
Piquet conseguiu desenvolver o carro e conseguiu pontos preciosos,
principalmente na segunda parte da temporada, quando conseguiu
colocar a Lotus como uma real contenedora na área de pontuação.
Entretanto, por falhas do carro e ajuda de Olivier Grouilard, não se
classificou na Bélgica. Neste GP, a Lotus pela primeira vez não
participava de uma corrida com nenhum carro desde que entrou na F1.
De relevante por parte de Nakajima foi a sensacional performance no
dilúvio de Adelaide, onde conseguiu um 4º lugar e marcou a volta
mais rápida da prova!
Apesar de um ano decente após o
descalabro de 1988, foi muito pouco para a outrora principal equipe
britânica. Fora das pistas, houve também a condenação de parte do
corpo diretivo da empresa por conta do escândalo com o projeto
DeLorean (pra entender, veja aqui).
Tyrrell
Pilotos : Michele Alboreto, Jonathan
Palmer, Jean Alesi e Johnny Herbert
Carro: 017B (até San Marino) / 018
(San Marino – somente Palmer e resto da temporada)
Motor : Ford Cosworth DFR Hart
Pneus: Goodyear
A Tyrrell vinha com gosto de sangue na
boca após um 1988 terrível. Para animar, tinha bastante experiencia
com os aspirados e tinha trazido a dupla Harvey Postlewahite e
Jean-Claude Migeot, que haviam sido quase escorraçados da Ferrari
após a chegada de John Barnard. Para compor sua dupla de pilotos,
”tio” Ken manteve Jonathan Palmer (o pai de Jolyon) e promoveu o
retorno de Michele Alboreto, que estreou por sua equipe em 1981.
Inicialmente, a equipe começou com o
017B, que era uma revisão do carro de 1988 e estreou o carro
definitivo, o 018, em San Marino, inicialmente só com Palmer. Mesmo
sem um patrocínio de peso, este carro mostrou-se competitivo logo do
início e dava pistas do que a dupla Postlewhaite e Migeot preparava:
o carro tinha uma suspensão com amortecedor central e uma
aerodinâmica bem apurada. Logo em sua estréia, Palmer conseguiu um
6º lugar. Mostrando sua qualidade, Alboreto obteve um 5º lugar em
Mônaco e um 3º no México, ficando somente atrás das Mclaren.
Parecia que os bons resultados iriam se
manter. Mas não. O carro tinha potencial, mas faltava dinheiro. E a
chance apareceu.
Ken Tyrrell tinha a fama de descobrir
jovens pilotos. E o seu radar se voltou para um jovem francês que
estava fazendo uma boa campanha na F3000. Seu nome era Jean Alesi e
vinha liderando o campeonato da categoria de acesso, conduzindo um
carro amarelo de um peruqueiro irlandês chamado Eddie Jordan. Os
dois bretões chegaram a um acordo e Alesi foi fazer sua estréia em
seu GP local. Junto com ele, também veio o retorno da Camel, que
havia apoiado o time na temporada anterior, o que significou a
salvação da temporada. E a demissão de Michele Alboreto, que foi
parar na Larrousse (veremos na parte que fala das demais
E o francês mostrou a que veio: no
primeiro treino, marcou o sétimo tempo, caindo para a 16ª posição
na classificação. Na corrida, chegou a andar em segundo! Mas
conseguiu uma ótima quarta colocação. Ainda conseguiria marcar
mais dois pontos na Espanha. No GP da Bélgica e Portugal, por conta do campeonato de F-3000 foi
substituído por Johnny Herbert, que havia estreado pela Benetton,
mas ainda convalescia das sequelas do seu aparatoso acidente de
F-3000 no ano anterior.
A Tyrrell marcava uma ótima posição
e parecia marcar o seu reencontro com os seus dias de glória. Além
de revelar mais um talento para a categoria: Jean Alesi.
Depois tem mais uma parte, com um pouco mais das "medianas"...
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