quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

1989: O sensacional ano do fundão (Prólogo)



Muita gente vai lembrar da temporada 1989 por conta do famoso GP do Japão, onde Ayrton Senna e Alain Prost se encontraram e o brasileiro foi sumariamente desclassificado e a terra tupiniquim elegeu Jean Marie Balestre, então Presidente da FISA como arquiinimigo numero 1, junto com os irmãos Metralha, Mancha Negra, Capitão Feio e outros vilões de gibi.

Mas para os cabeças de gasolina que acompanham com afinco a categoria, esta temporada significou um de seus momentos aureos: a volta dos motores aspirados e o surgimento da pré-qualificação. Por este motivo, será iniciada uma série de publicações para relembrar um pouco este momento ímpar do nível mais alto do automobilismo.

Para chegar em 1989, temos que retornar a 1985/1986. Nesta época, a categoria estava preocupadíssima com o aumento dos custos (soa novo isso?) principalmente por conta da introdução dos motores turbo e a FISA queria intervir nisso. Mas uma grande queda de braço se iniciou nos bastidores, inclusive com a ameaça de Lotus e Ferrari se bandearem para a Fórmula Indy (procurem na web por Lotus 96 e Ferrari 637 que vocês verão). No fim, um acordo foi alcançado e um novo Pacto de Concórdia foi firmado entre a FISA e as equipes.

O que buscava estas conversações: a volta dos aspirados. Foi fechado um cronograma, a partir de 1987, que previa a volta dos aspirados e o fim do uso dos motores turbo ao final de 1988. Graças à Ferrari, o novo regulamento previu o uso de motores 12 cilindros. E foi introduzida a válvula de alivio nos motores turbo, limitando a pressão e reduzindo a potência. Inicialmente foi estabelecida uma pressão de 4bar em 1987 e 2,5bar em 1988, além da redução da capacidade de combustível. Além disso, foi permitido aos carros aspirados a ter um peso diferenciado (mais leves do que os turbo).

Para estimular a competição de alguma forma, em 87, os aspirados tiveram um campeonato a parte; Foram criados os troféus Colin Chapman e Jim Clark para a melhor equipe e melhor piloto aspirado, respectivamente. Participaram dele Tyrrell, Lola/Larrousse, March, AGS e Coloni , (somente na Itália e Espanha) .Como esperado, levaram um tremendo “capote” dos turbos. Mas pontuaram em circuitos rápidos como Hockenheim, além dos circuitos de rua. A Tyrell acabou levando o campeonato de construtores e Jonathan Palmer (ele mesmo, o pai do Jolyon) levou o de pilotos. A surpreender que a Tyrrell conseguiu os mesmos 11 pontos no campeonato geral obtidos no ano anterior com motores turbo....

Em 88, acabou o campeonato paralelo e aspirados e turbos correram juntos.Mais de 2/3 do grid eram de aspirados. E conseguiram bons resultados, mesmo se comparando com os turboalimentados e desconsiderando os McLaren de outro planeta. A Benetton obteve vários terceiros lugares e March a Williams fizeram boas corridas. Era mostrado que a era aspirada pedia passagem.

Com a promessa de custos mais baixos, muitos se interessaram.Como era mais fácil entrar na F1, muita gente catou um chassi, meteu um Ford Cosworth, arranjou um contrato de pneus e foi em frente. Resultado: tivemos 38 inscritos para o início do ano. O regulamento previa um grid de 26 carros. Solução? Uma pré-qualificação na sexta de manhã para habilitar 4 carros a participar dos treinos classificatórios.

O foco desta sequencia será contar um pouco da história desta galera deserdada. Contar as “touradas” e seus personagens. Porque é fácil falar do glamoroso grupo da frente. Mas e de uma Coloni, Rial ou Eurobrun ? Espero que gostem e fiquem ligados nos próximos passos.


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