Muita gente vai lembrar
da temporada 1989 por conta do famoso GP do Japão, onde Ayrton Senna
e Alain Prost se encontraram e o brasileiro foi sumariamente
desclassificado e a terra tupiniquim elegeu Jean Marie Balestre,
então Presidente da FISA como arquiinimigo numero 1, junto com os
irmãos Metralha, Mancha Negra, Capitão Feio e outros vilões de
gibi.
Mas para os cabeças de
gasolina que acompanham com afinco a categoria, esta temporada
significou um de seus momentos aureos: a volta dos motores aspirados
e o surgimento da pré-qualificação. Por este motivo, será
iniciada uma série de publicações para relembrar um pouco este
momento ímpar do nível mais alto do automobilismo.
Para chegar em 1989,
temos que retornar a 1985/1986. Nesta época, a categoria estava
preocupadíssima com o aumento dos custos (soa novo isso?)
principalmente por conta da introdução dos motores turbo e a FISA queria intervir nisso. Mas uma grande queda de braço se iniciou nos
bastidores, inclusive com a ameaça de Lotus e Ferrari se bandearem
para a Fórmula Indy (procurem na web por Lotus 96 e Ferrari 637 que
vocês verão). No fim, um acordo foi alcançado e um novo Pacto de
Concórdia foi firmado entre a FISA e as equipes.
O que buscava estas
conversações: a volta dos aspirados. Foi fechado um cronograma, a
partir de 1987, que previa a volta dos aspirados e o fim do uso dos
motores turbo ao final de 1988. Graças à Ferrari, o novo
regulamento previu o uso de motores 12 cilindros. E foi introduzida a
válvula de alivio nos motores turbo, limitando a pressão e
reduzindo a potência. Inicialmente foi estabelecida uma pressão de
4bar em 1987 e 2,5bar em 1988, além da redução da capacidade de
combustível. Além disso, foi permitido aos carros aspirados a ter
um peso diferenciado (mais leves do que os turbo).
Para estimular a
competição de alguma forma, em 87, os aspirados tiveram um
campeonato a parte; Foram criados os troféus Colin Chapman e Jim
Clark para a melhor equipe e melhor piloto aspirado, respectivamente.
Participaram dele Tyrrell, Lola/Larrousse, March, AGS e Coloni ,
(somente na Itália e Espanha) .Como esperado, levaram um tremendo
“capote” dos turbos. Mas pontuaram em circuitos rápidos como
Hockenheim, além dos circuitos de rua. A Tyrell acabou levando o
campeonato de construtores e Jonathan Palmer (ele mesmo, o pai do
Jolyon) levou o de pilotos. A surpreender que a Tyrrell conseguiu os
mesmos 11 pontos no campeonato geral obtidos no ano anterior com
motores turbo....
Em 88, acabou o
campeonato paralelo e aspirados e turbos correram juntos.Mais de 2/3
do grid eram de aspirados. E conseguiram bons resultados, mesmo se
comparando com os turboalimentados e desconsiderando os McLaren de
outro planeta. A Benetton obteve vários terceiros lugares e March a
Williams fizeram boas corridas. Era mostrado que a era aspirada pedia
passagem.
Com a promessa de
custos mais baixos, muitos se interessaram.Como era mais fácil
entrar na F1, muita gente catou um chassi, meteu um Ford Cosworth,
arranjou um contrato de pneus e foi em frente. Resultado: tivemos 38
inscritos para o início do ano. O regulamento previa um grid de 26
carros. Solução? Uma pré-qualificação na sexta de manhã para
habilitar 4 carros a participar dos treinos classificatórios.
O foco desta sequencia
será contar um pouco da história desta galera deserdada. Contar as
“touradas” e seus personagens. Porque é fácil falar do
glamoroso grupo da frente. Mas e de uma Coloni, Rial ou Eurobrun ?
Espero que gostem e fiquem ligados nos próximos passos.
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