Temos o costume de debater sobre qual piloto é, ou foi, o melhor segundo piloto da categoria, normalmente, tal alcunha cabe àquele que divide o box com um corredor reconhecidamente vencedor, ou com um campeão mundial, e que não consegue competir com o mesmo nível de pilotagem deste companheiro, como por exemplo Gerhard Berger, que correu pela McLaren com Ayrton Senna , nas temporadas de 1990/91/92.
Muitos são os nomes lembrados quando se discute sobre quem foi o melhor segundo piloto, como por exemplo, Rubens Barrichello (vice em 2002/04), Mark Webber (3º em 2010/11/14) e David Coulthard (vice em 2001), e esses três viram seus companheiros de equipe ser campeões, mas mesmo competindo com um carro campeão, não conseguiram alcançar o tão almejado título.
Nico Rosberg, vez por outra, é cogitado para constar nesta célebre lista, pois viu o seu companheiro na equipe Mercedes, Lewis Hamilton, ser campeão em 2014/15, contudo, deu a volta por cima e conseguiu conquistar o campeonato de 2016, para afastar de vez essa possibilidade. Mesmo assim, ainda há quem pense em seu nome para encabeçar a lista dos melhores segundões, dizendo que: “Ele é um segundo piloto tão melhor do que os outros que conseguiu ser campeão”.
Mas neste post, seguiremos por um caminho diferente, vamos falar sobre um piloto que foi quatro vezes seguidas vice-campeão de Fórmula 1, um verdadeiro segundão, além de ter sido por outros três anos, terceiro colocado no mundial de pilotos, o britânico Stirling Moss.
Tais façanhas ocorreram consecutivamente, nos campeonatos de 1955 à 1961.
Em 1955 Moss corria com uma Mercedes, assim como o lendário Juan Manuel Fangio, assim, era praticamente certo que melhor sorte não lhe restava, a não ser o vice no campeonato, o que acabou por ocorrer, sendo derrotado pelo argentino por 40 à 23 e tendo obtido dos segundos lugares e uma vitoria naquele ano.
No ano seguinte o britânico correu com de Maserati, e conseguiu duas vitorias, um segundo lugar e um terceiro, mas ao final do campeonato, apesar de realmente ter ameaçado o rival, que agora corria pela Ferrari, o resultado não foi diferente, lhe cabendo o segundo lugar, com 27 pontos somados, contra os 30 do argentino.
Curiosamente, em 1957 os dois mudaram de carro mais uma vez, Fangio foi para a Maserati e Moss, pulou para a Vanwall, e apesar das três vitorias, uma das quais divida, sim divida, naquela época isso era possível, o resultado infelizmente se repetiu, título para Juan, com 40 pontos e vice para Stirling, com 25 pontos somados.
Já em 1958 Moss não tinha a ameaça de Fangio, que disputou apenas duas corridas, a primeira, na sua terra natal e a quinta, na França, assim, suas chances de levantar o caneco eram maiores, mas eis que surge a Ferrari e um carro constante, com apenas dois abandonos, e nem mesmo as quatro vitorias e um segundo lugar lhes foram suficientes, pois os 41 pontos somados foi um ponto a menos do que o conseguido por Mike Hawthorn, com cinco segundos lugares, um terceiro, um quinto e a única vitória no GP da França, somando 42 pontos ao final.
Entre os anos de 1959 e 1961 Moss não conseguiu sequer o vice-campeonato, mas apenas o terceiro lugar, de modo consecutivo, sendo no primeiro ano pela Cooper e nos outros dois pela Lotus, com duas vitórias em cada um dos três anos.
Diferentemente de muitos, não acho que o segundo colocado é o primeiro dos últimos, há muito mérito em ser vice-campeão em um campeonato bem disputado, pois só um entre todos os concorrentes será o vencedor, e tal posição, ao meu ver, tem um valor ainda maior se é conquistada por um piloto que tinha um equipamento inferior, como por exemplo em 2017 por Sebastian Vettel e sua Ferrari.
Não resta dúvida de que a historia de Stirling Moss na Formula 1 é no mínimo curiosa, pois como ele, somente Alain Prost conseguiu ser vice-campeão por quatro vezes, com a diferença de que o francês conseguiu o titulo em outras quatro oportunidades.
Talvez possamos dizer que Stirling Moss foi o melhor piloto da categoria dentre os que não conseguiram ganhar o Campeonato Mundial da Fórmula 1.
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