"Não importa a cor do gato. O importante é que ele cace os ratos". Podem não ser exatamente estas as palavras ditas por um estadista chinês, mas o significado é este. E parece este ser o lema da atual administração da Fórmula 1.
E por que isso? Saiu agora pouco no vetusto jornal inglês Financial Times e na BBC que a Liberty Media fechou um acordo estimado em mais de 100 milhões de dólares com a Interregional Sports Group, uma agência de marketing inglesa, para explorar potenciais patrocínios de apostas na Fórmula 1. A ideia é que estas empresas veiculem suas marcas nas corridas e desenvolver meios de explorar a categoria.
Segundo o Diretor Comercial da Fórmula 1, Sean Bratches, este acordo permite aumentar o envolvimento do público com a categoria ("fancentrismo", segundo ele) e explorar novos campos de negócio.
Tal acordo serve não só para recuperar parte do investimento da Liberty Media na compra da Fórmula 1 como também recompor parte dos valores desembolsados para as equipes, que caiu no último ano sob a desculpa de que "não havia uma estrutura administrativa para tocar a categoriae vários investimentos foram feitos neste sentido". Pode ser ótimo para o balanço, mas se abre um espaço no mínimo perigoso...
Apostas existem há muito. Na Inglaterra, berço de boa parte das equipes de Fórmula 1, se aposta em tudo que se possa imaginar desde sempre. Mas nos últimos anos, esta indústria vem crescendo rapidamente e muito se discute a influência dela sobre os resultados esportivos. Os casos de eventos manipulados surgem cada vez mais a público, embora também se diga que sempre existiram...
O fato é que hoje este ramo é um dos principais investidores em esportes, mesmo cheios de suspeitas. E a liberação da exploração de apostas feita pela Suprema Corte americana este ano acaba por abrir mais um belo campo (estima-se que o mercado americano de apostas seja de 150 bilhões de dólares).
Para se ter uma idéia, Bernie Ecclestone, um homem que não tinha escrúpulos com dinheiro, era contra este tipo de acordo por achar que isso poderia manchar a imagem glamorosa da categoria.
Garantindo a "transparência", a Liberty Media fechou um acordo com uma empresa de tecnologia europeia para usar os dados gerados pela Fórmula 1 junto a ISG e demais empresas para "criar um ambiente confiável e auditável" para identificar padrões “suspeitos”.
Embora cada vez mais lucrativa e crescente, esta indústria tem sofrido restrições por vários países para veiculação e participação de suas marcas em eventos esportivos ou em transmissões ao vivo. Alguns especialistas dizem que a veiculação deste tipo de propaganda deverá ser feita com muito cuidado por este aspecto. Nigel Currie, fundador da NC Partnership, consultoria esportiva, ouvido pelo Financial Times, aposta que deva acontecer com as empresas de aposta o mesmo que as tabaqueiras nos anos 90: Por seu caráter internacional, é difícil para os legisladores atuarem sob a Fórmula 1 e por este motivo, a exposição garante grande retorno sobre o investimento.
O fato é que a Fórmula 1 busca novos campos de patrocínio. Após a proibição às tabaqueiras, o final da “bolha” das empresas de tecnologia e do ramo bancário e a sombra da restrição às bebidas, a categoria abraça o que o futebol e outros esportes tem feito para aumentar o faturamento. E não é de hoje que a Fórmula 1 fecha os olhos para aspectos éticos para garantir o bolso cheio...
Nenhum comentário:
Postar um comentário