domingo, 16 de setembro de 2018

1990, 28 anos depois

Sim, caríssimos...estamos vendo a história ser escrita.



Sei que escrevi algo semelhante duas semanas atrás em Monza. Mas é muito difícil não fazer a análise das semelhanças entre 1990 e 2018. Tal como fez Senna antes em Prost, Hamilton vem conseguindo não só ganhar na pista, mas infligir sucessivas derrotas psicológicas a Vettel.

Vocês devem se perguntar o por quê desta comparação. Mas em determinado momento daquela temporada, Senna e a McLaren se perderam e viram Prost e a Ferrari conseguir ficar momentaneamente em melhor posição, tendo uma real chance de conquistar o campeonato. E com o esforço de todos os envolvidos, o brasileiro conseguiu em dois momentos chave garantir a sua posição para o campeonato: Bélgica e Itália.

A corrida em Singapura não foi lá estas coisas, é verdade. Mas foi uma demonstração do que vem sendo a temporada até então. E a “pancada” começou justamente na classificação, quando Hamilton fez uma volta monstruosa. Foi um daqueles momentos que o fã da Fórmula 1 tem que dar um jeito de ver e rever, onde o piloto mostrou a total simbiose com a máquina.

Claro que ter uma Mercedes ajuda e muito. Hamilton não conseguiria fazer isso com uma Williams, por exemplo. Mas era uma pista em que não era favorável ao seu carro e momentos antes, ele quase não passou para o Q2! Só que foi uma pintura a volta. E mesmo quem não gosta do inglês, tem que reconhecer o seu feito. Menção honrosa para Max Verstappen, que também “achou” uma volta sensacional.

E não basta Hamilton estar “encantado”. A Ferrari também faz a sua parte e, no afã de inovar, acabou estragando a corrida de Vettel, o trazendo para o box bem antes de Hamilton e Verstappen. Resultado: se viu encaixotado atrás dos dois com o pneu ultramacio, preso no transito e ainda não sendo mais rápido do que os dois.

Em tempo: me espanta certos “formadores de opinião” serem cegos pela paixão e só coloquem a culpa em Vettel. Claro que ele tem culpa no cartório, mas a Ferrari tem sistematicamente errado nas estratégias. Hoje, a equipe italiana volta a ser aquele transatlântico sem comando da década de 80/início de 90. É preciso ter um mínimo de bom senso e reconhecer que Vettel e a equipe precisam fazer uma bela DR e acertar os ponteiros.

Claro que Vettel ainda tem chance. Mas depois de hoje, sua janela de oportunidade vai se estreitando cada vez mais. Se antes já era “erro zero”, como havia escrito anteriormente, agora vai ter que contar com algo que tem lhe faltado: sorte. O que impressiona é que suas entrevistas vão se tornando cada vez mais amarguradas e a transferência de culpa já começou.

Hamilton começou a garantir o campeonato hoje. Uns 2 dedos na taça já estão lá. Correr em modo administração não é com ele. Após um início claudicante, se entendeu com o carro e achou o foco necessário. Se conseguir mais uma vitória na Rússia, próximo GP, ele pode simplesmente chegar em segundo nas seguintes que praticamente garante seu título no Brasil. Vettel agora é de vez o azarão das apostas e vendo cada vez mais só pode contar consigo mesmo (o “exército de um homem só” citado por mim na última coluna).

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O que foi o Perez em Singapura ? O incidente na largada com Ocon até tem seu benefício de dúvida, mas a batida em Sirotkin foi simplesmente vergonhosa. Nem em corrida de kart indoor algo deste tipo é admissível. Nesta hora mostra porque seu nome não é cogitado para ir para uma grande equipe.

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Charles Leclerc quebrou a urucubaca e marcou mais dois pontos. Talvez sirva para recolocar a cabeça no lugar após a confirmação do maior desafio de sua vida até aqui: a Ferrari em 2019.

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Menções honrosas para Fernando Alonso (7º com esta McLaren manca) e Max Verstappen, que fez uma boa corrida e soube se impor perante Vettel em seu retorno dos boxes, garantindo o pódio.

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