Na série “Suits”, em um dado
momento, o personagem principal, Harvey Specter, diz que “Quando
alguém apontar a arma na sua cabeça, a questão não é se render
ou ser morto. Você ainda tem mais 146 formas de sair desta situação
“. Talvez esta afirmação esteja sendo tocada como mantra nos
ouvidos de Sebastian Vettel como preparação para o GP de Singapura
neste próximo domingo.
O alemão chega extremamente
pressionado para esta prova. Além do linchamento em praça pública
feito pelos fãs da Ferrari e boa parte da imprensa após o GP da
Itália, Vettel se vê na obrigação de fazer alguma coisa para
reduzir a diferença de 30 pontos que Hamilton colocou sob ele,
faltando 7 provas para o final do campeonato.
As tais 146 formas de escapar se
reduzem mais um pouco ao perceber que Kimi Raikkonen, agora de saída
confirmada no final do ano rumo à Sauber, não se mostra tão
“colaborativo” quanto deveria. Sem contar a “eficiência” da
Ferrari no trabalho de box e nas estratégias, levando vários
“dribles” da Mercedes até aqui.
Mas temos que ver quantas vezes Vettel
se colocou em prejuízo. Nem considero Baku tanto na lista pois se
ele não tivesse tentado a passagem, teriam o chamado de frouxo. Mas
França, Alemanha e Itália foram capitais nesta equação. Alguns
tiveram a curiosidade de fazer as contas como estaria a situação no
campeonato se tanta coisa não houvesse acontecido e o resultado foi
que Vettel teria uma boa liberdade no campeonato em relação a
Hamilton.
Um campeão não tem que contar somente
com a competência, mas também com o imponderável. E neste aspecto,
Hamilton vem dando de goleada em seu concorrente e parece não querer
dar a fórmula para os demais. Hoje, é consenso que a Ferrari é o
melhor carro do grid. Mas a Mercedes tem compensado com uma coesão
ímpar no conjunto pista-box. E esta competência é que paga os
dividendos agora.
Vettel será a divisão Panzer de um
homem só na noite de Singapura. Como o próprio declarou nesta
quinta-feira, antes de Hamilton, seu adversário é ele mesmo. E paira
sobre si a maledicência daqueles que julgam que o alemão só é
campeão por aproveitar o fato de ter tido um carro dominador e some
nos momentos decisivos. Também deve martelar a corrida do ano
passado, quando tinha tudo para fazer uma ótima prova e o
“sanduíche” na largada com Max Verstappen e Kimi Raikkonen botou
tudo a perder.
Um fator que pode ajudar ou atrapalhar Vettel
é a Red Bull. Em uma pista onde o motor não é tão determinante e
um bom chassi se sobressai, os taurinos podem se intrometer na briga
pela vitória. Tudo indica que os envolvidos jogarão pesado nos
treinos para conseguir ficar na frente. A Mercedes deve partir para
uma estratégia de “administração de danos” em uma pista em que não deve andar tão bem (em princípio) e aproveitar da
vantagem que tem.
A obrigação de atacar agora é da
Ferrari e de Vettel. Hoje, o fator psicológico está a favor da
Mercedes e Hamilton. O jogo pode ser ainda virado e o penta pode ir
para o 5 de Maranello. Mas cada vez menos opções restam para
escapar da arma apontada para cabeça e o erro agora deve ser zero.
Seria bom o alemão pensar em apelar para forças ocultas para abrir
os caminhos e virar o jogo...
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