terça-feira, 25 de setembro de 2018

Se vê, se sente: Marchionne está presente


Agora pouco, a Sauber anunciou que o italiano Antonio Giovinazzi (o moço da foto) será o companheiro de Kimi Raikkonen para a temporada de 2019. O surpreendente foi a troca de lugar com Marcus Ericsson, que será o terceiro piloto. Lembrando que o sueco foi o “caixa forte” dos suíços até a chegada da Alfa Romeo este ano.

Em tempo: A permanência de Ericsson parece uma forma de aplacar os investidores suecos e ainda ter um “backup” em caso de Giovinazzi não corresponder às expectativas.

Giovinazzi não é necessariamente um estranho no ninho. Além de ser piloto da Academia Ferrari e por conta da ligação prévia da Sauber com a Ferrari, o italiano era piloto de testes do time e substituiu Pascal Werhlein nos GPs da Austrália e China de 2017 (inclusive dando uma tremenda batida neste último). 

Este ano, o italiano já era reserva da equipe e fez duas saídas nos FP1 dos GPs da Alemanha e Hungria, sendo confirmado também para o GP da Russia (outras estão sendo programadas). Além disso, era um dos pilotos de treinos nos simuladores da Ferrari. Curioso que Giovinazzi não faz uma temporada completa desde 2016, quando disputou o campeonato da GP2, ficando com o vice-campeonato.

De acordo com o planejado


O mais interessante em todo este movimento é ver que o “Mundo Ferrari” vem se movendo de acordo com o que parecia ter sido desenhado por Sergio Marchionne (foto). Praticamente 3 meses após sua morte, se haviam dúvidas que as diretrizes estabelecidas por ele seriam mudadas, elas vêm sendo dissipadas. E curiosamente, a última aparição pública de Marchionne foi na apresentação do plano quinquenal 2018-2022 do grupo FCA, em junho.

John Elkmann e Louis Camilleri (Presidente do Conselho e CEO da Ferrari, respectivamente) estão tomando aos poucos as rédeas e parecem ter um estilo menos “abrasivo” do que o de Marchionne. Em uma rara entrevista até então, dada no início de agosto na Gazetta dello Sport, Camilleri fez declarações diplomáticas no formato, mas mantendo o conteúdo de seu antecessor: queremos uma Fórmula 1 diferente, mas respeitando os nossos interesses.

Logo depois, foi desfeito o mistério do segundo posto da Ferrari e Charles Leclerc foi confirmado como companheiro de Sebastian Vettel. Muito se diz sobre esta situação, com alguns jornalistas dizendo que o contrato já havia sido assinado ainda por Marchionne e que estava sendo buscada uma solução para Kimi Raikkonen, que vem fazendo uma temporada bastante digna este ano. No mesmo dia, saiu o anuncio de que o finlandês iria para a Sauber.

Este movimento, mais o anuncio de hoje, deixam ver que a aposta de Marchionne em usar a Alfa Romeo como “laranja” da Ferrari na Sauber, garantindo mais espaço para os italianos na intrincada política da Fórmula 1, prossegue. Claro que há o aspecto de marketing, já que no portfólio de marcas do grupo FCA, a Alfa ganhou uma importância enorme, sendo designada para disputar com BMW, Audi e Mercedes, e com planos de aumentar as vendas em quase duas vezes e meia em cinco anos. Dizem alguns especialistas do mundo automotivo que seria uma estratégia para valorizar a marca para uma posterior venda e capitalizar o grupo, que vem sendo prejudicado pelo desempenho da...Fiat.

Dizem que é difícil dar cavalo de pau em um transatlântico. Aparentemente, este vem sendo o lema em Maranello. Extrapolando um pouco mais, deve estar ecoando na Itália um velho chavão de multidões: “Se vê, se sente: Marchionne está presente”.

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