Eis um ótimo exemplo de como a Fórmula 1 se tornou um grande negócio e que o custo envolvido chegou a níveis impressionantes.
Exatamente há um ano atrás, fiz um texto falando sobre o balanço da equipe Mercedes de 2016, mostrando como a Fórmula 1 valia a pena para a Mercedes (eis o link aqui). E hoje, mais uma vez o conglomerado Autosport/Motorsport mostrou o balanço da equipe em 2017 (eis o original aqui)
De acordo com o balanço divulgado, a Mercedes teve um faturamento de mais de 337 milhões de libras esterlinas (nada mais do que 1,7 bilhão de reais pelo câmbio de hoje), sendo que a controladora, a Daimler AG, contribuiu oficialmente com 60 milhões, quase 20% do valor total.
Em relação a 2016, as receitas aumentaram mais de 16%, quando houve um faturamento de “somente” 289 milhões de libras. Esta variação é justificada pelo aumento dos valores de premiações, marketing e patrocínios, além de ganhos com variação cambial.
Por outro lado, os gastos também cresceram: para desenvolvimento do carro de acordo com as novas regras, a equipe gastou quase 50 milhões de libras esterlinas (mais de 250 milhões de reais) a mais do que em 2016. Este valor também engloba o aumento de funcionários (849 para 912) na fábrica. No total, a Mercedes gastou quase 310 milhões de libras esterlinas para disputar a temporada de 2017.
Estes valores não incluem os custos com a unidade de motores de Brixworth (Inglaterra) , embora haja a informação de que a equipe desembolsou 20 milhões de libras para cobertura dos custos de fornecimento das unidades de potência. No ano passado, estimou-se que o faturamento desta unidade ficou em 160 milhões de libras esterlinas.
No final de tudo, a equipe Mercedes teve um lucro de 13,3 milhões de libras (67,5 milhões de reais) em 2017, o que significou uma melhoria em relação a 2016, quando fechou com um prejuízo de 3,3 milhões (motivado por pagamento de impostos).
Alem disso, outra métrica relevante informada pela Mercedes: de toda cobertura televisiva, cerca de 24,7% foi dedicada à equipe, o que equivale a uma exposiçao estimada em 3,4 bilhões de libras para a marca e seus parceiros.
O modelo atual de negócios acaba por favorecer os mais fortes. Vencendo mais, maior a premiação. Tanto que a Red Bull vem tendo maiores investimentos por sua controladora justamente por conta da piora em seus resultados. Em agosto, a revista Forbes mostrou que só na Toro Rosso, a empresa de energéticos gastou quase 80 milhões de dólares, significando mais da metade das receitas da equipe em 2017. Se formos analisar somente em termos nominais, tal valor era equivalente ao orçamento de uma equipe de ponta em meados dos anos 90.
Tais dados dão combustível para a intenção da Liberty Media introduzir um modelo mais igualitário de distribuição de prêmios e implantar um teto de gastos para as próximas temporadas. Os americanos pretendem estipular uma redução em 3 temporadas e fala-se em um valor de 200 milhões de dólares.
A seguir, cenas dos próximos capítulos.
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