Semana passada, este espaço abordou a questão do processo de escolha do fornecedor de pneus da Fórmula 1 para o período 2020-2023. No texto, foi colocado que, se o aspecto financeiro fosse levado em conta, os coreanos da Hankook têm chance de tomar o lugar da Pirelli (ver aqui).
Embora a escolha seja feita pela FIA em conjunto com a FOM, a batalha de convencimento tomou parte da imprensa. E mostra que é um jogo entre pesos-pesados.
Como bem dito, é a luta entre a tradição e o dinheiro.
Neste GP da Rússia, Toto Wolff e Cyril Abiteboul (Mercedes e Renault, respectivamente) deram declarações reconhecendo o tamanho do trabalho desenvolvido pela Pirelli. Wolff ainda foi mais longe, dizendo que a empresa tem uma “tarefa impossível” em “desenvolver qualquer especificação que nós solicitamos”. Abiteboul reforçou as declarações de seu colega e pregou que deve haver uma estabilidade de regras para qualquer um que entre.
Hoje, uma matéria publicada no site na prestigiada Auto Motor und Sport dá conta da aposta feita pela Hankook: Os coreanos contrataram como consultor Hirohide Hamashima, que nada mais era do que o responsável pelo programa de competições da Bridgestone e também prestou serviços à Ferrari para ajudar a entender o funcionamento dos Pirelli quando da troca de fornecedores.
Além disso, impressionou a FIA ao mostrar suas instalações em Deajon, na Coreia do Sul, que conta com tecnologia de última geração. Mas o mais impactante seria a informação de que os coreanos teriam comprado um Williams/Cosworth FW33 e já realizam testes longe dos olhos do público. De acordo com a mesma matéria, assinada por Michael Schmidt (editor da revista), um Formula 2 também teria sido comprado e adaptado para o uso dos pneus em uso atualmente na Fórmula 1.
Williams FW33: o carro que teria sido comprado pela Hankook |
Formalmente, as equipes não podem transmitir dados atuais para terceiros sem conhecimento da FIA. Os pneus atualmente passam por um esforço bem diferente e com a limitação de testes, fica difícil achar uma situação razoável. A própria Pirelli sofreu para desenvolver os novos pneus mais largos para as novas regras de 2017 por conta destes dados e não podiam usar carros atualizados.
O ideal seria ter as duas disputando na pista. Mas FIA e as equipes acreditam que tal decisão poderia levar a uma escalada de custos por conta dos inúmeros testes de desenvolvimento. Tanto que hoje, fora na pré-temporada, os testes de pneus são feitos às expensas da Pirelli (no mês passado, McLaren, Ferrari e Mercedes testaram novos compostos para 2018). E o edital prevê parâmetros para a troca de dados pelas equipes e a fornecedora.
Estima-se a decisão da FIA e da FOM deverá sair até o final deste mês, pois o próprio edital de licitação prevê que o fornecedor escolhido tem que entregar os primeiros modelos para ensaios de laboratório e para as equipes no início de 2019. A briga está em campo aberto e logo saberemos o que falará mais alto.
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