domingo, 28 de outubro de 2018

Show de um, festa de outro


Hoje foi um dia em que a história foi escrita. Mesmo assim, talvez poucos lembrem da vitória convincente de Max Verstappen, da corrida honesta de Sebastian Vettel, do azar intermitente de Daniel Riccardo e da escalada de Leclerc, Vandoorne e Gasly aos pontos. Tudo ficou de lado por conta da conquista do quinto título de Lewis Hamilton.

Tudo bem que o inglês entrou com uma missão tranquila: um sétimo lugar já bastava. Mas ao dar um belo salto na largada, deixando Daniel Riccardo para trás e assumindo a segunda posição, mostrou que não iria “tirar o pé da dividida” (usando uma metáfora futebolística).

Pelas características peculiares do circuito, as Red Bull mostraram capacidade de andar na frente (o ar rarefeito impacta no funcionamento do motor: Menos ar entrando na admissão, torna a mistura ar/combustível mais pobre, reduzindo a potência. Além disso, os carros devem andar com asas maiores para gerar mais pressão aerodinâmica. Neste quesito, os Touros Vermelhos se sobressaem). Além disso, o RB14 teve mais uma vez um ótimo acerto de suspensão, permitindo que os carros gastassem menos pneu.

Isso fez toda a diferença para Verstappen e Riccardo. O australiano fez mais de 40 voltas com o mesmo jogo de pneus e estava controlando Vettel na briga pela segunda posição, mesmo o alemão com sapatos mais novos.

Gestão que faltou à Mercedes. Hamilton e Bottas tiveram problemas sérios de consumo de pneus, os obrigando a usar pneus usados na última parte da prova e se preocupar em chegar. Como já dito anteriormente, quando as rodas traseiras foram alteradas, as “Flechas de Prata” apresentaram uma grande dificuldade de achar num compromisso entre velocidade e equilíbrio. Coincidência?

Após o abandono de Riccardo (sétimo seguido!) que ocupava o segundo lugar, a corrida se acomodou. E restou à Hamilton levar o carro até o final para conquistar o que muitos esperavam: o título mundial. A comemoração junto ao público fez um quadro bonito e mais relevante ainda foi a postura de Vettel, que cumprimentou o inglês pela conquista ainda na pista. 


Aliás, tivemos outros gestos extremamente magnânimos: Hamilton foi cumprimentar a sua equipe no box e Vettel foi também cumprimentar a Mercedes. Além disso, reconheceu que não fez o bastante e que o inglês mereceu o título. Posturas não só de campeões, mas de desportistas na verdadeira acepção da palavra. Faz falta este tipo de coisa nos tempos em que vivemos... Antes de tudo, a vida se faz de simbologias.

No dia em que muita coisa deu errada, Hamilton conquistou mais uma grande marca. E caminha mais ainda para que chegue no topo da categoria de todos os tempos. Agora, cabe à Mercedes e Hamilton continuarem seu alto nível. Ambos tem a oportunidade de conseguirem cada vez mais marcar seus nomes na historia. E temos chamce de ver esta construção.

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Uma das coisas que também chamou a atenção foi o uso exagerado do Safety Car Virtual nesta corrida. Em dois casos, quando os carros de Alonso e Riccardo pararam, podemos chamar que houve um excesso de zelo dos comissários. Por este motivo que as equipes questionam a continuidade desta ferramenta para o próximo ano.

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Verstappen venceu com autoridade. Uma prova em que começou a conquistar na largada e com a proteção ao ataque de Hamilton na primeira volta. E depois soube aproveitar da qualidade da Red Bull para se garantir na liderança. Hoje, fez tudo correto. Fez tudo parecer fácil, mesmo com o desespero da fala no rádio após saber que o motor de Riccardo havia quebrado.

Podem me chamar de herege. Mas fazendo um paralelo, Verstappen hoje está na posição de Senna na época de Lotus: muita gente reconhece o talento, tem tudo para ser protagonista, mas precisa dar o próximo passo. Será que a vinda da Honda poderá ajudar a dar este passo?

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O GP do México é muito legal, a atmosfera é maravilhosa. Mas precisava mostrar tanto a arquibancada ?

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Que venha Interlagos! Temos a oportunidade de ver uma boa prova, já que muita coisa estará decidida e a pressão será bem menor....

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