quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Rumo à Austin


Após alguns dias de ausência, este espaço volta a dar suas “pitacadas”...

Como é corrente do meio da velocidade, principalmente entre os fãs, já não é mais uma questão de “se”, mas “quando” Lewis Hamilton obterá seu quinto título na Fórmula 1. O inglês chega aos Estados Unidos com 67 pontos de vantagem sobre Sebastian Vettel e pode levar o caneco tranquilamente, com uma combinação de resultados nada difícil de acontecer.

Vettel tem mostrado que morrerá de pé, mesmo com a confusão que a Ferrari se encontra e com a aparente queda de confiança demonstrada. A equipe deverá trazer novidades para Austin, até mesmo no afã de demonstrar que o tal “segundo sensor” da FIA nas baterias não afetou realmente o desempenho.

Usando uma frase muito ouvida nos últimos tempos por conta das eleições, Hamilton está em viés de alta. A Mercedes conseguiu crescer no momento certo, contando com a estagnação da Ferrari, que agora não conta somente com sua capacidade, mas com o imponderável. O desenvolvimento implantado a partir da Bélgica fez com que os carros prateados recuperassem a dianteira. Muitos méritos também para o novo esquema de rodas traseiras, que ajudou na gestão dos pneus. O sistema foi questionado pelos italianos junto à FIA, que deu seu aval.

Uma virada pode acontecer? Pode. Não podemos nos esquecer exatamente que numa mudança desta que Nelson Piquet conquistou seu segundo título, cuja conquista completou 35 anos na última segunda, dia 15. Mas não parece que Vettel e a Ferrari terão força para fazer a virada que o brasileiro e a Brabham fizeram antes. A história se repete como farsa, mas parece muito improvável que ocorra, embora não impossível.

Com o campeonato praticamente decidido, as discussões se focam nas seguintes discussões:
1)Preparativos para 2019: Boa parte das equipes já definiu suas duplas. A Racing Point India confirmou hoje o que já se sabia: Sergio Perez será um de seus pilotos. O anúncio de Lance Stroll deverá vir em breve. Resta saber agora sobre Williams e Toro Rosso.

A equipe de Grove anunciou na semana passada o inglês George Russell, o que mostra a força da Mercedes. Afinal, a conta de fornecimento das Unidades de Potência é de US$ 20 milhões/ano e qualquer vantagem é bem-vinda. Para o segundo posto, há a aparente briga entre Esteban Ocon, Robert Kubica e os rublos de Sergey Sirotkin e Artem Markelov. A Mercedes tem interesse em bancar o francês, embora seja corrente no paddock a intenção de deixá-lo como reserva e promovê-lo a titular em 2020. Estaria também envolvido no meio algum suporte técnico, mas não no formato aventado meses atrás com a Williams comprando o trem traseiro dos alemães.

Já do lado russo, Sirotkin manteria o apoio do banco SMP e vem falando abertamente sobre o projeto do FW42, dando pinta que pode prosseguir. Markelov, protegido da Renault, também viria com um caminhão de dinheiro, mas a prisão de seu pai um pouco antes do GP da Rússia respondendo por acusações de corrupção, o fez perder espaço.

Kubica é uma carta que parecia fora do baralho, mas voltou à mesa com força nos últimos tempos. Foi fartamente divulgado o seu encontro com o CEO da Orlen, petrolífera polonesa, que seria uma das principais apoiadoras do retorno do piloto e poderia ser fornecedora da Williams. Além deste, também houve uma reunião com o primeiro ministro polonês, Mateusz Morawiecki, que anos atrás declarou estar “feliz” por Kubica ter quebrado o braço e o banco que era presidente não ter a necessidade de cumprir o contrato de patrocínio acordado...

Semanas atrás, Claire Williams declarou que “muita gente iria se surpreender com a dupla da Williams para 2019”. Uma parte confirmou a expectativa...

A Toro Rosso (Red Bull que fala italiano) anunciou o retorno de Daniil Kyviat para um de seus carros. A outra vaga, hoje ocupada por Brandon Hartley, é a maior incógnita da paróquia. Todo mundo está cogitado para o posto, inclusive o atual ocupante. Já se falou em Lando Norris (antes da confirmação pela McLaren), Pascal Wehrlein e até Mick Schumacher. O nome de Alexander Albon (foto) surge agora como favorito.



O tailandês, que vem sendo um dos melhores nomes da F2 este ano, já foi piloto da Red Bull e passou a ser considerado após ter fechado acordo com a Nissan eDAMS para a Formula E. Oficialmente, Helmut Marko foi correr atrás do piloto. Coincidentemente ou não, Albon não participou até o momento dos testes de pré-temporada esta semana em Valência...

2) Hamilton o maior de todos ? : Retomando o início do texto e uma discussão que apareceu tempos atrás: Seria Lewis Hamilton o maior piloto de Fórmula 1 de todos os tempos ?

Me parece um tanto quanto forçado afirmar, embora respeite quem pense desta forma. É inegável o alto nível de pilotagem do inglês este ano e talvez esteja seja a sua melhor temporada até então, a despeito do início claudicante do ano e a “armação” da Rússia. Seu estilo é inconfundível e seus números dão razão a seus defensores.

Confirmando o título, Hamilton se iguala a Juan Manuel Fangio e fica na mira de Michael Schumacher, que conquistou o campeonato de pilotos por 7 vezes. Em poles, Hamilton tem o recorde absoluto e faltariam 20 vitórias para que iguale as 91 vitórias do alemão. Como o contrato com a Mercedes foi renovado por mais 2 temporadas, é grande a chance de conseguir isso.

(Em tempo: até agora, Hamilton tem o quarto melhor aproveitamento dentre os campeões mundiais de vitórias em relação a corridas disputadas: O inglês tem um aproveitamento de 31,5%. À sua frente, ficam Fangio com 47%, Ascari com 40,6% e Clark, 34,7%).

Muitas listas de “Quem é o melhor?” apareceram ao longo dos anos e dificilmente se chega a um consenso. Mesmo assim, há consenso entre os nomes que aparecem. Com certeza, hoje Hamilton estará lá entre eles.

Curiosamente, ele não se vê indo atrás dos números de Schumacher. Talvez seja um discurso para inglês ver (desculpem o trocadilho horroroso), mas embora tenha mostrado atenção para outros interesses, Hamilton é extremamente competitivo e deve sim lutar para conseguir bater os recordes de Schumacher e marcar seu nome de forma categórica e inquestionável na Fórmula 1.

Estamos vendo a história ser escrita. Aproveitemos a vista e o momento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário