sábado, 14 de março de 2020

Lamborghini: O primeiro touro na Formula 1 (Parte VI)



Antes tarde do que mais tarde! Mais de um ano depois, eis a sexta parte da história da Lamborghini na F1. Este texto aborda o ano de 1992, penúltimo da fábrica italiana na categoria.

Para 1992, os italianos vinham quase para um recomeço. A Chrysler decidiu dar um apoio maior ao projeto e para tal, a Lamborghini focou somente nos motores e câmbios. Mas a situação não era de extrema leveza. Os americanos não estavam em uma situação das melhores e consideravam uma possível venda da empresa.

Sem mexer na arquitetura básica (V12 a 80º), a equipe de Mauro Forghieri trouxe uma nova versão do 3512. A esta altura, o engenho italiano se aproximava dos 700 cavalos, um pouco abaixo do que gerava um bom Ford V8. O experiente técnico sabia que aquela solução chegava ao seu limite e uma nova abordagem era necessária. Mas esta ficaria para ser desenvolvida ao longo do ano...

Na temporada, a marca de Sant'Agata atenderia a conterrânea Minardi e voltaria para os franceses da Larrousse. No caso dos italianos, era a formalização de um namoro que vinha de anos, mas que nunca se concretizavam. Uma das opções para 91 era usar o motor, mas a opção Ferrari apareceu...

No caso dos franceses, era a volta dos que não foram. Após um ano de hiato, Gerard Larrousse conseguiu o apoio dos fabricantes de carros especiais Venturi (a mesma da Fórmula-E onde atualmente corre Felipe Massa), deu.um bico na Lola, com quem teve um divórcio litigioso, e fez um carro extremamente simples na Inglaterra com o apoio de membros da antiga March (Robin Herd).

Naquele ano, os tempos eram bicudos e as duas equipes foram para o abafa: a Larrousse..ou melhor dizendo, Venturi, concebeu um carro simples e funcionou, o LC92, que ficou pronto em cima do início da temporada. A dupla era totalmente pagante : Bertrand Gachot, de volta após o rolo da prisão no ano anterior, e o japonês Ukio Katayama, que havia ganho o campeonato japonês de F3000 e trazia um belo cheque da Japan Tobacco.



Já a Minardi mantinha Gianni Morbidelli e trazia o brasileiro Christian Fittipaldi. A equipe de Faenza terminava o M192 sob a batuta de Aldo Costa (que anos depois foi para a Ferrari e Mercedes) e faria as primeiras etapas com o carro de 91, o M191B (foto), com o conjunto motor/câmbio Lamborghini devidamente acochambrado na traseira (embora mais pesado, o motor Ferrari tinha o bloco mais estreito, embora tivesse os mesmos doze cilindros....)



A perspectiva das duas era se estabelecer no pelotão intermediário e, quem sabe, beliscar alguns pontos. Conseguiram. Mas foi duro...

A Venturi mostrou ter potencial, mas faltou dinheiro. Fez melhor participação na primeira parte da temporada. Bertrand Gachor conseguiu um ponto em Monaco (foto abaixo) e Katayama quase pegou um quinto no Canadá, com o carro falhando a duas voltas do fim, terminando em nono. A segunda parte do ano foi um festival de abandonos, embora conseguisse razoáveis classificações.



Já a Minardi botou esperanças no M192, mas não deu: o carro logo nos testes iniciais mostrou problemas. Estreou oficialmente em San Marino e reza a lenda que Giancarlo Minardi sondou Alain Prost para fazer testes no carro para indicar o que havia de errado. Segundo consta, Prost pedir 15 dias para testar o carro para mapear os problemas e depois mais 15 dias para ver se haviam resolvido. Além de US$ 2 milhões na conta. Minardi aceitou os testes mas não a grana...



Fittipaldi, mesmo com os problemas, se encontrou com o carro, mas sofreu um acidente nos treinos do GP da França, ficando algumas corridas de fora, sendo substituído por Alessandro Zanardi (foto abaixo). À esta altura, já havia sido mais rápido do que Morbidelli e se transformou na referência da equipe. Mas a medida que a temporada avançou, a equipe se perdeu, chegando a não se classificar em algumas provas.(Hungria foi não-classificação dupla). Após uma pesquisa, descobriu-se que o diferencial estava montado errado...



A Lamborghini entregou 2 atualizações às suas clientes: uma na França e outra na Itália. Em termos de potência, trazia um ganho que deixava próxima dos Ford. Mas ainda bebendo muito combustível e óleo. Entretanto, permitiu Gachot a conseguir um 10º lugar no grid na Itália e Fittipaldi marcar um ponto no Japão (após consertarem a montagem do diferencial).

Para 1993, muitas consultas. A Minardi considerou continuar com os motores, mas os valores pedidos (US$ 5 milhões) não batiam com os fundos apertados em Faenza e ficaram com os Cosworth. A Tyrrell chegou a considerar, mas fechou com a Yamaha. A Larrousse se separou mais uma vez da Venturi e conseguiu manter o fornecimento. Que acabou sendo a única cliente.

A próxima parte é a final, falando do ano final, 1993. Convido a vocês a ler as partes anteriores :
https://f1raiz.blogspot.com/2018/11/lamborghini-o-primeiro-touro-na-formula.html  (Parte I)

http://f1raiz.blogspot.com/2018/11/lamborghini-o-primeiro-touro-na-formula_17.html (Parte II)
https://f1raiz.blogspot.com/2018/12/lamborghini-o-primeiro-touro-na-formula.html (Parte III)
https://f1raiz.blogspot.com/2019/01/lamborghini-o-primeiro-touro-na-f1.html
(Parte IV)
http://f1raiz.blogspot.com/2019/01/lamborghini-o-primeiro-touro-na-formula.html (Parte V)


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