Antes tarde do que mais tarde! Mais de um ano depois, eis a sexta parte da história da Lamborghini na F1. Este texto aborda o ano de 1992, penúltimo da fábrica italiana na categoria.
Para 1992, os italianos vinham quase
para um recomeço. A Chrysler decidiu dar um apoio maior ao projeto e
para tal, a Lamborghini focou somente nos motores e câmbios. Mas a
situação não era de extrema leveza. Os americanos não estavam em
uma situação das melhores e consideravam uma possível venda da
empresa.
Sem mexer na arquitetura básica (V12 a
80º), a equipe de Mauro Forghieri trouxe uma nova versão do 3512. A
esta altura, o engenho italiano se aproximava dos 700 cavalos, um
pouco abaixo do que gerava um bom Ford V8. O experiente técnico
sabia que aquela solução chegava ao seu limite e uma nova abordagem
era necessária. Mas esta ficaria para ser desenvolvida ao longo do
ano...
Na temporada, a marca de Sant'Agata
atenderia a conterrânea Minardi e voltaria para os franceses da
Larrousse. No caso dos italianos, era a formalização de um namoro
que vinha de anos, mas que nunca se concretizavam. Uma das opções
para 91 era usar o motor, mas a opção Ferrari apareceu...
No caso dos franceses, era a volta dos
que não foram. Após um ano de hiato, Gerard Larrousse conseguiu o
apoio dos fabricantes de carros especiais Venturi (a mesma da
Fórmula-E onde atualmente corre Felipe Massa), deu.um bico na Lola,
com quem teve um divórcio litigioso, e fez um carro extremamente
simples na Inglaterra com o apoio de membros da antiga March (Robin
Herd).
Naquele ano, os tempos eram bicudos e
as duas equipes foram para o abafa: a Larrousse..ou melhor dizendo,
Venturi, concebeu um carro simples e funcionou, o LC92, que ficou
pronto em cima do início da temporada. A dupla era totalmente
pagante : Bertrand Gachot, de volta após o rolo da prisão no ano
anterior, e o japonês Ukio Katayama, que havia ganho o campeonato
japonês de F3000 e trazia um belo cheque da Japan Tobacco.
Já a Minardi mantinha Gianni
Morbidelli e trazia o brasileiro Christian Fittipaldi. A equipe de
Faenza terminava o M192 sob a batuta de Aldo Costa (que anos depois
foi para a Ferrari e Mercedes) e faria as primeiras etapas com o
carro de 91, o M191B (foto), com o conjunto motor/câmbio Lamborghini
devidamente acochambrado na traseira (embora mais pesado, o motor
Ferrari tinha o bloco mais estreito, embora tivesse os mesmos doze
cilindros....)
A perspectiva das duas era se
estabelecer no pelotão intermediário e, quem sabe, beliscar alguns
pontos. Conseguiram. Mas foi duro...
A Venturi mostrou ter potencial, mas
faltou dinheiro. Fez melhor participação na primeira parte da
temporada. Bertrand Gachor conseguiu um ponto em Monaco (foto abaixo) e Katayama
quase pegou um quinto no Canadá, com o carro falhando a duas voltas
do fim, terminando em nono. A segunda parte do ano foi um festival de
abandonos, embora conseguisse razoáveis classificações.
Já a Minardi botou esperanças no
M192, mas não deu: o carro logo nos testes iniciais mostrou
problemas. Estreou oficialmente em San Marino e reza a lenda que
Giancarlo Minardi sondou Alain Prost para fazer testes no carro para
indicar o que havia de errado. Segundo consta, Prost pedir 15 dias
para testar o carro para mapear os problemas e depois mais 15 dias
para ver se haviam resolvido. Além de US$ 2 milhões na conta.
Minardi aceitou os testes mas não a grana...
Fittipaldi, mesmo com os problemas, se
encontrou com o carro, mas sofreu um acidente nos treinos do GP da
França, ficando algumas corridas de fora, sendo substituído por
Alessandro Zanardi (foto abaixo). À esta altura, já havia sido mais rápido do
que Morbidelli e se transformou na referência da equipe. Mas a
medida que a temporada avançou, a equipe se perdeu, chegando a não
se classificar em algumas provas.(Hungria foi não-classificação
dupla). Após uma pesquisa, descobriu-se que o diferencial estava
montado errado...
A Lamborghini entregou 2 atualizações
às suas clientes: uma na França e outra na Itália. Em termos de
potência, trazia um ganho que deixava próxima dos Ford. Mas ainda
bebendo muito combustível e óleo. Entretanto, permitiu Gachot a
conseguir um 10º lugar no grid na Itália e Fittipaldi marcar um
ponto no Japão (após consertarem a montagem do diferencial).
Para 1993, muitas consultas. A Minardi
considerou continuar com os motores, mas os valores pedidos (US$ 5
milhões) não batiam com os fundos apertados em Faenza e ficaram com
os Cosworth. A Tyrrell chegou a considerar, mas fechou com a Yamaha.
A Larrousse se separou mais uma vez da Venturi e conseguiu manter o
fornecimento. Que acabou sendo a única cliente.
https://f1raiz.blogspot.com/2018/11/lamborghini-o-primeiro-touro-na-formula.html (Parte I)
http://f1raiz.blogspot.com/2018/11/lamborghini-o-primeiro-touro-na-formula_17.html (Parte II)
https://f1raiz.blogspot.com/2018/12/lamborghini-o-primeiro-touro-na-formula.html (Parte III)
https://f1raiz.blogspot.com/2019/01/lamborghini-o-primeiro-touro-na-f1.html
(Parte IV)
http://f1raiz.blogspot.com/2019/01/lamborghini-o-primeiro-touro-na-formula.html (Parte V)
Ótimo como sempre...informações inéditas...
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